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Inverno quente e seco no Brasil: entenda a influência do Atlântico Tropical Norte

O aquecimento anormal na superfície do Atlântico Tropical Norte está influenciando a condição de seca nas regiões central e norte do Brasil. As temperaturas mais elevadas, que em algumas áreas do oceano ultrapassam 2°C em relação ao habitual para o período, foram identificadas como o principal fator climático de grande escala atuando com potencial para modular as condições climáticas dos próximos meses.

A condição anômala do Atlântico Tropical Norte é destacada na previsão climática para julho, agosto e setembro. Essa previsão é feita mensalmente pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/Inpe), pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).

Impactos Climáticos

De acordo com o pesquisador do CPTEC/Inpe, Caio Coelho, o inverno na maior parte do Brasil é caracterizado por condições secas. Contudo, a anomalia da temperatura do mar na região ao norte da linha do Equador está intensificando essa condição. O oceano mais quente naquela área evapora ar mais aquecido para a atmosfera, que, ao seguir para o Hemisfério Sul, inibe a formação de nuvens de chuva. Além disso, o ar quando desce é comprimido e esquenta, intensificando ainda mais o calor e a seca.

A previsão climática indica um déficit de chuvas na área central do Brasil, com risco de seca semelhante à histórica de 2023, que foi intensificada pelo aquecimento global. Essa condição preocupante destaca a necessidade de medidas preventivas para mitigar os impactos na agricultura, recursos hídricos e ecossistemas da região.

O fenômeno La Niña

A possível formação do fenômeno La Niña – caracterizado pelo resfriamento das águas superficiais na região equatorial do Pacífico – neste segundo semestre, poderia neutralizar a ação do aquecimento do Atlântico Tropical Norte, invertendo o padrão de circulação atmosférica e favorecendo a formação de nuvens de chuva sobre a região norte do Brasil.

Além disso, La Niña tem potencial para trazer mudanças climáticas significativas, podendo aliviar as condições de seca e calor intensificado pela anomalia no Atlântico Tropical Norte. A formação de nuvens de chuva contribuiria para a recuperação dos níveis de água nos reservatórios e na vegetação, amenizando os impactos negativos sobre a agricultura e os recursos hídricos.

No entanto, é necessário monitorar a evolução desse fenômeno para entender seus efeitos e se preparar adequadamente para as possíveis mudanças climáticas que podem ocorrer nos próximos meses.

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